Dr. Matheus Roque e Thelma Assis falam sobre congelamento de óvulos

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Dr. Matheus Roque e Thelma Assis falam sobre congelamento de óvulos

Thelminha, capa de novembro da Marie Claire, conta como está sendo seu processo de congelamento de óvulos com o Dr. Matheus Roque

Thelminha, aos 36 anos, que é a estrela de capa de Marie Claire novembro, começa a se preparar para a maternidade. A ideia é congelar óvulos e entrar na fila de adoção ao mesmo tempo.

“O nosso [dela e do marido Denis Santos] limite é de dois anos para poder tentar engravidar biologicamente, sem precisar fertilizar. E caso a gente não consiga, já teremos nosso embrião guardadinho para fazer uma fertilização in vitro”, diz a médica anestesiologista em entrevista à Marie Claire.

Thelma Assis escolheu o método de congelamento do embrião e diz que não teve medo. “Eu tinha algumas dúvidas sobre todo o processo de congelamento. Como sou médica, tinha uma noção de como ocorria, mas como não é nada muito específico relacionado a minha especialidade, que é anestesiologia, eu tinha algumas dúvidas gerais, como se eu teria que fazer estimulação da ovulação, como essa estimulação era feita, com quais medicamentos, os valores dos medicamentos, a eficácia disso. E eu pude tomar conhecimento do quanto é importante poder ter essa opção. O nosso ciclo biológico corre e em relação a fertilidade, acaba sendo estatisticamente prejudicado com o avançar da idade. Bater esse papo com o Dr. Matheus Roque, me fez ter uma certeza maior de que realmente essa medida preventiva que estou tendo, de buscar uma segurança no momento em que eu queira engravidar, para que eu não tenha dificuldade em decorrência da idade, foi uma medida bem acertada”, conta a vencedora do Big Brother Brasil 2020.

Assim como Thelminha, muitas mulheres que desejam congelar os óvulos ainda têm muitas dúvidas sobre o procedimento. Confira  as 10 perguntas que o Dr. Matheus Roque respondeu para a Marie Claire:

1. O que é o congelamento de óvulos?
O congelamento de óvulos é um procedimento a ser realizado pelas mulheres que desejam postergar a gravidez e desejam evitar os efeitos prejudiciais do avançar da idade com relação à fertilidade da mulher. Isto porque a qualidade dos óvulos vai diminuindo com o passar dos anos, diminuindo-se as chances de gravidez e aumentando os riscos de abortos e doenças genéticas. Com o congelamento de óvulos, esta mulher congela uma determinada quantidade de óvulos mantendo a qualidade deles relacionada à idade. Caso esta mulher no futuro não consiga ou não possa engravidar de maneira natural e precise partir para um tratamento de Reprodução Assistida, ela terá uma chance muito maior de sucesso usando estes óvulos que foram congelados anteriormente.

2. Quem pode congelar os óvulos?
A princípio, todas as mulheres que não tenham entrado na menopausa, poderiam congelar seus óvulos. Fundamental uma adequada avaliação desta mulher, para que sejam discutidos os potenciais benefícios do congelamento para ela especificamente.

3. Tem idade limite?
Não tem uma idade limite. Porém, quanto maior a idade da mulher no momento do congelamento, menor a qualidade dos óvulos a serem congelados e menores as chances de sucesso caso estes óvulos sejam usados para um tratamento de Fertilização in vitro (FVI). Sempre importante conversar com a mulher e mostrar quais seriam as perspectivas de sucesso em um tratamento baseado na idade dela e a expectativa do número de óvulos a ser congelados.

4. Quais são os métodos de congelamento?
Para o congelamento, a mulher deve passar por um período de estimulação ovariana (que consiste na aplicação de hormônios de maneira subcutânea), para que possa ocorrer o desenvolvimento de diversos folículos e o amadurecimento de diversos óvulos. Este período de estimulação ovariana dura em torno de 9-12 dias. Depois deste período, ocorre a punção ovariana. Este procedimento é realizado com a paciente sedada, e a coleta dos óvulos ocorrerá através da punção ovariana que é guiada por uma ultrassonografia transvaginal. Ao realizar-se esta punção, o material aspirado nos ovários é encaminhado ao laboratório de embriologia, que fica junto à sala de punção, para que os embriologistas avaliem a presença dos óvulos. Estes óvulos aspirados, serão preparados e avaliados com relação à sua maturidade. Os óvulos maduros serão congelados através de uma técnica chamada de vitrificação e mantidos armazenados em nitrogênio líquido.

5. Quantos óvulos é recomendado congelar?
A quantidade varia conforme a idade da mulher. Quanto maior a quantidade, maiores as probabilidades de sucesso no futuro, caso esta mulher precise utilizar estes óvulos para um tratamento. O gráfico a seguir nos dá uma ideia destas probabilidades, baseadas na idade da mulher ao realizar o congelamento e número de óvulos congelados.

6. Existe um tempo limite para deixar os óvulos congelados?
Não existe um prazo de validade para os óvulos permanecerem congelados. A qualidade deles não piora com o passar do tempo de congelamento.

7. Há riscos nesse processo?
Atualmente os tratamentos de Reprodução Assistida, incluindo o congelamento de óvulos, são muito seguros e com taxas muito baixas de complicações ( menor a 1%).

8. Qual/quais as diferenças de uma gravidez de óvulo congelado e “óvulo fresco”?
Não haverá diferença na gravidez para a mulher ou para o bebê se o embrião tiver sido formado com os óvulos frescos ou congelados.

9. Há algum mito a ser quebrado sobre congelamento de óvulos?
Importantíssimo mostrar o porquê do congelamento de óvulos: RELÓGIO BIOLÓGICO FEMININO. Até o momento, a única maneira de conservar a qualidade dos óvulos de uma mulher é com o congelamento destes óvulos. Ainda não existe nenhuma tecnologia disponível para o rejuvenescimento ovariano ou a reversão de quadros de menopausa. Não existe nenhum exame que mostre a qualidade dos óvulos de uma mulher. Assim, a qualidade dos óvulos é relacionada à idade da mulher e se esta tem o desejo de gestar em algum momento utilizando seus próprios óvulos, a melhor maneira de potencializar estas chances é através do congelamento de óvulos. O congelamento não é a garantia de gravidez futura, mas sim a potencialização das chances de gravidez futura.

10. Qual o valor médio desse procedimento?
Varia muito conforme a quantidade de medicamentos / hormônios a serem utilizadas durante um tratamento.

SOBRE DR. MATHEUS ROQUE

Dr. Matheus Roque é médico especialista em reprodução humana e conhecido mundialmente como uma autoridade da medicina reprodutiva. É vencedor do maior prêmio de reprodução humana do mundo, o Grant for Fertility Innovation (GFI – 2017), além de ser professor, palestrante e autor dos principais artigos científicos sobre o tema utilizados pela medicina.

Responsável por alavancar a medicina reprodutiva no Brasil, ele foi o médico mais jovem a ser convidado para a plenária principal do congresso europeu European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE, 2015) – além de também palestrar no congresso americano American Society for Reproductive Medicine (ASRM, 2019), que são considerados os principais eventos do mundo sobre reprodução humana.

Dr. Matheus também já lecionou e atuou em reuniões científicas em países como a China, Emirados Árabes, Tailândia, Arábia Saudita, Peru, Argentina, Espanha, Croácia, Estados Unidos, entre outros.

Há 10 anos atuando nos avanços dessa área, ele ainda conta em seu currículo com um doutorado em Saúde da Mulher (Área de concentração em Reprodução Humana e Patologia Ginecológica) pela Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG – 2018), mestrado em Reprodução Humana pela Universidade Autônoma de Barcelona – Espanha, Fellowship em Reprodução Humana pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/EPM), graduação em Medicina pela Faculdade de Medicina de Marília (2003), além de ter o título de especialista em Urologia pela SBU/AMB (2009). Atualmente é membro titular da SBU, SBRA, ASRM e ESHRE.